Dieta e Hipertensão Arterial

Neste artigo comentaremos sobre a Hipertensão Arterial, sua importância e o papel da dieta no seu tratamento.

A Hipertensão Arterial Sistêmica é um dos principais desafios em termos de saúde pública em todo planeta neste final de milênio.

Se estima a prevalência da Hipertensão Arterial nos EUA em 6% a 12% dependendo da idade, sexo e raça. (1) A prevalência em nosso meio também é elevada, estima-se que cerca de 15% a 20% da população brasileira seja de hipertensos (2).
 

Conceito de Hipertensão Arterial

A Hipertensão Arterial Sistêmica também conhecida como Hipertensão Arterial Essencial, Doença Hipertensiva vulgarmente chamada de “Pressão Alta” é caracterizada pelos níveis pressóricos. Quando a Pressão Arterial Sistólica (pressão do sangue dentro das artérias no momento da contração do coração) é Maior que 140 milímetros de mercúrio, e/ou quando a Pressão Arterial Diastólica (pressão do sangue dentro das artérias entre uma contração e outra) é Maior que 90 milímetros de mercúrio(2,3).
 

A Pressão Arterial Normal

Nossa pressão arterial é mantida em níveis normais as custas de sofisticado mecanismo de controle que envolve o Sistema Nervoso, Sistema endócrino, os rins e o coração.

O cérebro recebe informações de vários sensores de pressão(baroreceptores) localizados na parede de várias artérias do corpo. Caso haja uma variação brusca da pressão, suponhamos que o indivíduo levante-se, pela ação da gravidade o sangue irá se acumular nas partes mais baixas e imediatamente é enviado estímulos para o coração para que ele se contraia mais vezes e que cada contração se faça com maior vigor. Simultaneamente são enviados estímulos para as artérias e veias para que elas se contraiam reduzindo assim o seu diâmetro e consequentemente a pressão volte a subir.

Outro fator importante na regulação da pressão arterial é o volume de sangue dento do sistema vascular. Quanto mais líquido, no caso o próprio sangue, maior a pressão. O acúmulo de água em nosso corpo é determinado entre outras coisas pela concentração de sódio. O mesmo sódio do sal de cozinha.
 

A Hipertensão Arterial

Como foi dito anteriormente é uma das maiores preocupações médicas no momento. Pois além da elevada prevalência, tem uma alta morbidade e mortalidade. O curso social e econômico é enorme. 

O risco de morte súbita, Doença Coronariana, como Infarto Agudo do Miocárdio, Doença  Cérebro-Vascular (os derrames), Insuficiência Cardíaca, e Insuficiência Renal são algumas das complicações da Hipertensão Arterial. 

Outro desafio da Hipertensão Arterial é que normalmente não apresenta sintomas, é uma doença silenciosa. Suas manifestações são conseqüência de complicações.

 

Tratamento da Hipertensão Arterial

Hoje não se discute mais a eficácia do tratamento no controle da Hipertensão Arterial. O paciente tratado convenientemente está protegido das complicações enquanto a doença estiver sobre controle.

Seu tratamento envolve vários aspectos: mudanças dietético comportamentais e medicamentoso(3-4-5).

Estas mudanças incluem a correção do peso corporal, aumento da atividade física, moderação da ingesta de bebida alcóolica, abandono do fumo, diminuir a ingesta de sal e gorduras manter a ingesta satisfatória de Potássio, Cálcio e Magnésio e técnicas de relaxamento, controle de doenças concomitantes como o Diabete Melito e a dislipidemia(2,3).

Como vimos acima a maioria das recomendações envolve modificações dietéticas. Nem sempre o médico está preparado para fazer uma orientação adequada quanto a alimentação. A ênfase no tratamento oferecido pelo médico é o farmacológico, negligenciando os outros componentes do tratamento.

A importância na dieta no tratamento da Hipertensão Arterial é inquestionável, no MEDLINE* nos últimos dois anos formam publicados 626 artigos sobre o tema. 

A dieta como único recurso terapêutico, também mostrou ser eficaz. Em um estudo randomizado controlado de acompanhamento por 4 anos se observou que os hipertensos que abandonaram o tratamento farmacológico e mantiveram a dieta a pressão arterial voltou a subir em 60% ao final dos 4 anos, enquanto que aqueles pacientes que abandonaram a medicação e retornaram aos velhos hábitos alimentares 90% tiveram sua pressão elevada.(6) 
 

A Equipe

O volume de informações na área médica é enorme não é possível que um único profissional de saúde no caso o médico, detenha todo o conhecimento necessário para oferecer o melhor tratamento a seus pacientes. Hoje é preferível que se trabalhe em equipe, o paciente hipertenso não é exceção. 

No III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial(2) é dito textualmente: 

 “A equipe multiprofissional pode e deve ser constituída por profissionais que, de uma forma ou de outra, lidem com pacientes hipertensos. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física, farmacêuticos e, inclusive, funcionários administrativos e agentes comunitários em saúde podem integrar a equipe”.

A participação da nutricionista na equipe consiste em:

  • consulta de nutrição: avaliação nutricional e de hábitos alimentares; 
  • educação nutricional individual e em grupo; 
  • prescrição de dietas, resguardando aspectos socioeconômicos e culturais; 
  • criação de modelos que possibilitem a implementação dos conhecimentos alimentares e nutricionais, em consonância com as recomendações para os pacientes hipertensos, traduzidas em preparações alimentares saborosas e práticas. 


Conclusão

Como vimos a modificação dos hábitos alimentares não é tão simples assim e muito do fracasso do tratamento passa por uma falta de orientação.

 

Claudio Luiz dos Santos Teixeira
Médico/Professor de Clínica Médica
Faculdade de Medicina de Campos RJ

 
 

*MEDLINE é onde são catalogadas as principais publicações médicas do planeta. É mantido pelo National Library of Medicine dos EUA.

Referências :

  1. Harrison’s Principles of Internal Medicine 14 th Edition on CD-ROM.1998.
  2. Departamento de Hipertensão Arterial Sociedade Brasileira de Nefrologia e Sociedade Brasileira de Cardiologia, III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. 1998.
  3. Joint National  on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. The sixth report of the Joint National  on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure  (JNC VI)1997.
  4. Kapan, NM Treatment of hypertension: Nondrug therapy in clinical hipertension, 6th ed, Wiliams &Wilkins, Baltimore 1994. P.171
  5. Kotchen, TA, McCarron, DA, for the Nutrition Comittee. Dietary eletrolytes and blood pressure. A statment for Healthcare Professionals from American Heart association Nutrition Comittee. Circulation 1998; 98:613.
  6. Stamler, R, Stamler, J, Grimm, R et al. Nutritional therapy for high blood pressure. Final report of a four-year randomized controled trial- the Hypertension Control Program. JAMA 1987; 257:1484.