Tabus
e superstições alimentares
O
consumo alimentar de uma população encontra-se vinculado
aos diversos valores e sentimentos que se relacionam com aspectos da vida
cultural, transpondo o ato biológico de comer e preenchendo funções
simbólicas na vida dos indivíduos.
Sabe-se que por mais
culto e civilizado que um homem seja, no fundo ele é supersticioso
e, dentro do campo alimentar esta superstição possui a capacidade
de gerar diversas restrições. Estas exclusões alimentares
são antigas e descritas desde o início da história
da alimentação.
A relação
entre a dimensão fisiológica e psicossocial da alimentação
determina o aparecimento de restrições alimentares denominadas
:
TABUS -
representam dogmas religiosos, ou seja, restrições vinculadas
a fatores de ordem religiosa;
CRENÇAS
-
supostas ações nocivas de alimentos, as quais são
passadas de geração a geração e tornam-se "verdades"
culturalmente aceitas;
PRECONCEITOS
– são decorrentes de impressões causadas pelas características
organolépticas dos alimentos, ou seja, desuso de algum alimento
devido a cor ou odor do mesmo, por exemplo;
Muitos livros abordam
o assunto destacando inclusive alguns ditados populares muito conhecidos
(porém sem embasamento científico).
No cotidiano, conceitos
populares sobre a alimentação são construídos,
representando a forma mais simples dos indivíduos explicarem a "comida"
e as necessidades do corpo a partir da forma como o mesmo se encontra inserido
na organização social.
Ressalta-se que restrições
alimentares podem não interferir no estado nutricional de um indivíduo,
como por exemplo, quando o mesmo não consome vitamina de fruta,
mas utiliza frutas, leite e derivados separadamente. No entanto, restrições
específicas em determinados períodos críticos da vida,
onde os indivíduos encontram-se mais vulneráveis (como na
infância), geram repercussões sobre o estado de saúde
que pode ser irreversível.
O ensino de bons
hábitos alimentares é de máxima importância,
tanto para as populações carentes (destituídas do
saber e em condições financeiras inadequadas), bem como para
as comunidades que convivem com a abundância. Deve-se, no entanto,
intervir na alimentação considerando-a como representação
de fatores bio-psico-sociais e compreendendo o universo de seus significados.
|