Obesidade na infância : A hora de alertar

É comum os pais desejarem que seu filho seja um "bebezão" cheio de dobrinhas, gordinho o bastante. Alguns bebês são gordinhos só de mamar no peito. Mas, o normal é que essas crianças "gordinhas" ao começarem a engatinhar e a andar percam o excesso de peso devido ao progressivo gasto energético com as suas atividades físicas. O problema reside nos casos em que a criança depois de 1 ano de idade não consegue deixar de ganhar peso excessivamente e, então, com dois a três anos de idade, o excesso de peso naquela criança, ao invés de agradar, passa a incomodar pais, familiares e à própria criança. E todos aqueles que elogiavam aquela criança passam a dizer que um "regime" agora seria necessário. 

O número de crianças obesas tem crescido nos últimos anos e os pais precisam alertar para as consequências danosas provocadas pela obesidade infantil. É preciso alertar para o fato de que é em torno dos dois anos e meio que se definem o número de células gordurosas de uma pessoa adulta. Por exemplo, uma criança com excesso de peso possui um maior número de células gordurosas que uma criança com peso normal e, na fase adulta, aquele que tiver um maior número de células gordurosas terá uma maior dificuldade em se manter magro, pois essas células, por serem numerosas, deverão conter pouca gordura dentro delas. Por outro lado, aquele que possuir um menor número de células gordurosas, mesmo que em uma determinada época da vida venha a engoradar, não será um indivíduo obeso, uma vez que possui poucas células que armazenam gordura.

Sem controle, a obesidade infantil pode ser fatal. É um mal que provoca, ainda na infância, problemas de coluna, nas articulações, fere a auto-estima e leva à rejeição social. Ao atingir a fase adulta pode surgir diabetes e, segundo estudos realizados no mundo inteiro, a obesidade também está ligada a vários fatores de risco para doenças do coração como: hipertensão arterial, colesterol e triglicerídeos elevados entre outros. Para saber mais sobre os riscos da obesidade leia, nesta edição,  O coração do obeso.
 

Aterosclerose começa na infância

A aterosclerose é uma doença lentamente progressiva que se inicia na infância, mas não se manifesta até a idade adulta ou meia idade. Nas artérias de uma criança de dez anos de idade já podem ser observadas estrias gordurosas que podem, na idade adulta, progredir até uma placa gordurosa endurecida que, por sua vez, pode levar a uma lesão mais grave comprometendo o fluxo de sangue naquela artéria, ocasionando: infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ("derrame", isquemia), gangrena das extremidades (pés) e aneurismas, a depender da localização da artéria comprometida.
 

Sedentarismo: a falta de disciplina

A vida moderna  tem criado condições para o desenvolvimento de obesidade em crianças na medida em que, os pais impedem seus filhos de saírem de casa por causa da violência nas ruas. Desta forma, as crianças não podem correr nas praças, andar de bicicleta e participar de outras brincadeiras de criança, ou seja, não queimam calorias. As crianças ficam em casa, dentro de seus quartos, sentadas ou deitadas na cama, jogam video-game, navegam pela internet, assistem vídeos ou estão ligadas nos canais da TV.

Uma pesquisa revelou que 26% das crianças americanas, numa amostra de 4000 crianças estudadas entre 8 e 16 anos, passava 4 ou mais horas em frente à televisão diariamente. Esta pesquisa relacionou o hábito de ver TV com a obesidade infantil. 

É necessário que os pais monitorem melhor as atividades de seus filhos, impondo horários para se dedicarem às diversas atividades, inclusive à prática de esportes.
 

O que fazer ?

Especialistas afirmam que a obesidade infantil pode ser revertida se forem adotadas algumas estratégias:

    Cortar calorias nas refeições - os pais não devem superalimentar seus filhos à mesa. Se o cardápio é sempre muito calórico, talvez seja hora de repensar os hábitos alimentares da família em benefício da criança. Estudos comprovaram que os hábitos alimentares dos pais contribuem para o desenvolvimento da obesidade em crianças em idade escolar. 
    Limitar os lanchinhos - os pais não devem forçar seus filhos a comerem frutas e vegetais, ao invés disso, eles devem limitar a oferta de "guloseimas" em seus armários. A criança dificilmente aceitará frutas ao ter biscoitos e outras massas ao seu alcance.
    Limitar Fast-foods - os pais devem reduzir gradativamente as saídas para lanchonetes e outros fast-foods.
    Introduzir atividades físicas - a atividade física é indispensável para a criança queimar calorias reduzindo seu excesso de gordura.
    Redução do tempo de TV - Estudos têm mostrado a relação direta entre assistir TV e a obesidade infantil.
    Amamentação - bebês que mamam no peito têm menor risco de se tornarem obesos.
     
Andréa Karla de Lima Alves
Nutricionista
Pesquisadora Associada NIB/UNICAMP

 
 

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