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Diabetes : conheça seus limites
O
Diabetes Mellitus é uma doença crônica caracterizada por um
conjunto de situações resultantes da incapacidade
do organismo de manter os níveis de glicose no sangue
dentro dos limites normais. No diabetes pode ocorrer deficiência
absoluta na secreção de insulina ou redução
do efeito biológico deste hormônio (ou ambos).
O termo "Diabetes",
criado há 2000 anos para descrever o aumento da excreção
de urina, é derivado de uma expressão grega que significa
"sifão" ou "passar através". O termo "mellitus", do latim
mellitu, significando mel ou preparado com mel, ilustra o gosto adocicado
na urina dos pacientes portadores desta doença.
Os sintomas sugestivos
do diabetes são sede, fome, urina em excesso, perda de peso, podendo
ocorrer ainda, fadiga e irritabilidade . Estes sintomas são indícios
valiosos de alteração do controle metabólico.
O diabetes pode ser
classificado em dois tipos principais: Diabetes Tipo 1 (DMT1) ou Insulino-dependenetes
e Diabetes Tipo 2 (DMT2) ou Não insulino-dependentes. O DMT1 desenvolve-se
por mecanismos auto-imunitários devido a uma predisposição
genética, vírus, ingestão de agentes químicos
etc. Neste tipo de diabetes o pâncreas deixa de secretar insulina
levando ao aparecimento dos sintomas mais comuns, tais como: aumento da
glicose na sangue e glicosúria (açúcar na urina).
É mais comum em indivíduos jovens, mas ocasionalmente pode
acometer adultos não obesos. Estes pacientes necessitam de insulina
através de medicação para sobreviver.
Quanto ao DMT2, os fatores
genéticos estão envolvidos, entretanto a obesidade é
um fator importante no desenvolvimento deste tipo de diabetes, uma vez
que a maioria dos pacientes portadores desta doença são obesos.
Observa-se, neste caso, que a insulina se encontra presente, porém
ocorre uma resistência insulínica, ou seja, as células
não a reconhecem. Encontra-se então uma situação
de hiperglicemia (aumento da glicose no sangue), hiperinsulinemia(aumento
da insulina no sangue), que pode vir acompanhada de excesso de colesterol
e triglicerídios no sangue e hipertensão. Para controle da
glicemia, geralmente, estes pacientes fazem uso de hipoglicemiantes orais.
O tratamento de ambos os tipos de diabetes, inclui, além do uso
de insulina e hipogliccemiantes orais a prática de atividade física
regular e orientação dietética adequada.
A terapia nutricional
é, sem dúvida, um dos pontos principais no controle da doença,
pois auxilia na manutenção dos níveis de glicose sangüínea
próximos do normal, além de contribuir na normalização
das taxas de colesterol e triglicerídeos no sangue, controle de
peso, prevenindo desta forma o aparecimento de complicações
como hipoglicemia (diminuição da glicose do sangue), doença
renal, hipertensão, problemas na visão e coração.
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A
Dieta do Diabético
Desmistificando
a imagem de uma dieta excepcional e castradora, a dieta do diabético
possui as mesmas características do padrão alimentar proposto
ao indivíduo normal que deseja manter um bom estado de saúde.
A diferença está no fato do
diabético não poder "fugir" da dieta.
Das Kcalorias diárias
ingeridas pelo diabético, 50% devem provir dos carboidratos (açúcares).
E caso o diabético ingira, em um dia, menos que 100g de carboidratos
pode haver a mobilização de tecido adiposo, ou seja, a gordura
do corpo pode ser utilizada para atender as necessidades calóricas
do organismo, ocasionando a manifestação de "cetose" que
recebe este nome porque a degradação de gorduras dá
origem a compostos denominados corpos cetônicos que passam a circular
na corrente sanguínea. Quando isto ocorre, o diabético apresenta
um hálito cetônico (que lembra a acetona utilizada para remover
esmaltes de unhas).
Entretanto, deve-se
tomar cuidado com a qualidade dos carboidratos bem como suas respectivas
proporções. Dos 50% a serem calculados, 40% devem provir
dos polissacarídeos (amido) e somente 10% dos mono e dissacarídeos
tais como: açúcar comum (sacarose), açúcares
do leite (lactose), açúcares das frutas (frutose). Isto porque
os polissacarídeos (Ex:pães, arroz, batata) exigem um maior
tempo para digestão e absorção, possuindo, assim um
menor potencial glicêmico(concentração de açúcar
sanguíneo após as refeições), quando comparado
aos demais carboidratos.
A quantidade de gordura
na dieta do diabético deve ficar em torno dos 30% das necessidades
calóricas diárias, isto é,das Kcalorias ingeridas
diariamente, 30% devem provir das gorduras.
As necessidades protéicas
variam, assim como num adulto normal, de 0,8 a 1,5g de proteína
para cada Kg de peso ideal do diabético, entendendo-se por peso
ideal aquele considerado adequado para altura e idade do diabético,
segundo cálculos nutricionais.
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Dicas
Importantes
1.Faça
5 a 6 refeições ao dia (café da manhã, almoço,
jantar e lanches nos intervalos), de preferência em horários
determinados.
2.Os
doces devem ser ingeridos, de preferência, junto às grandes
refeições, pois estas possuem um maior teor de gordura e,
consequentemente, digestão mais lenta.
3.Coma
alimentos ricos em fibras: verduras e legumes (crus e cozidos) e frutas
(com casca ou bagaço), pois o conteúdo de fibras nos alimentos
diminui a velocidade de absorção dos carboidratos.
4.Não
exagere na quantidade de frutas numa mesma refeição. Lembre-se
que as frutas também possuem um tipo de açúcar (frutose).
5.Cuidado
com alimentos lights, eles podem conter açúcar. Lembre-se
que o alimento diet, é o alimento modificado em
que um ingrediente é substituído por outro, por exemplo o
açúcar pelo adoçante, sendo assim indicado para o
diabético. Já o light, é o alimento que contém
uma porcentagem menor de um ingrediente (por exemplo: gordura, açúcar)
e nem sempre é indicado para o diabético – refresco light
contém açúcar.
6.Lembrar
que os alimentos diets, frequentemente, possuem outros ingredientes
como farinhas, leite, ovos etc, os quais devem ser considerados.
7Sempre
que tiver dúvida, verifique os ingredientes no rótulo, ou
ligue para o Serviço de Atendimento ao Consumidor do fabricante
do produto.
8.Cuidado
com água tônica, apesar do sabor amargo, contém açúcar,
só beba na versão diet.
9.Consulte
periodicamente seu médico ou nutricionista. Não tome atitudes
sem o conhecimento deles.
Andréa Karla de
Lima Alves
Nutricionista
Pesquisadora Associada
do NIB/UNICAMP
Karine Sena
Nutricionista
Prof. Depto. de Nutrição
UFRN
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