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Benefícios nutricionais do abacate
(Persea
amerciana miller)
Há anos a
ciência se dedica a aprofundar o conhecimento sobre o
metabolismo dos lipídios no organismo, bem como a
composição das variedades de gorduras proveniente de
grãos e frutos, além daquelas originadas de animais.
Dietas ricas em lipídios de diversas origens (peixe,
oliva, girassol, milho, soja, canola, etc) têm sido
bastante estudadas. Os resultados das pesquisas apontam
para uma influência positiva de alguns tipos de gorduras
sob as taxas das lipoproteínas sangüíneas, resultando
em proteção do organismo à diversas doenças.
Os óleos de
canola e oliva, ricos em ácido graxo monoinsaturado
(especialmente o ácido oleico) são capazes de prevenir
e auxiliar no tratamento de doenças crônicas por
diminuírem as concentrações séricas de
triacilgliceróis (TAG), colesterol total e
lipoproteínas de baixa densidade (LDL), além de possuir
ação anticoagulante.
Fruto originado do
continente americano, o abacate é notadamente
rico em gordura sendo fonte de ácido oleico e de
calorias. Até pouco tempo atrás, seu consumo
era vetado para portadores de obesidade, hipertensão
arterial, diabetes, dislipidemias, doenças
cardiovasculares e outras patologias que estão
associadas ao acúmulo de gordura no organismo, devido a
inter-relação entre a alimentação e a origem destas
doenças.
O abacate pode ser
encontrado na América Latina e outras regiões
subtropicais e tropicais do mundo, sendo que o Brasil
ocupa hoje o quarto lugar como produtor deste fruto,
antecedido apenas pelo México, Estados Unidos e
República Dominicana.
Aproximadamente 70% do
peso do abacate se refere à polpa do fruto. A
composição centesimal média do abacate encontra-se
descrita no Quadro 1 mostrado a seguir.
Quadro 1 -
Composição centesimal média da polpa do abacate (100g)
Energia |
171,3Kcal |
Umidade |
72,4% |
Carboidratos |
2,9g
|
Proteínas |
1,6g |
Lipídios |
18,0g |
Vitamina C |
12 mg |
Cinzas |
1,0g |
Fibras |
2,3g |
Fica evidente que o abacate é fonte de muitos
nutrientes, destacando-se as fibras e os lipídeos, além
de contribuir com calorias. Mesmo sem poder ser
considerado como fonte protéica, o abacate contém
quantidades muito superiores às demais frutas neste
quesito. Na composição lipídica, a quantidade
de ácido oleico se destaca no abacate.
Esteróis, alcoóis, tocoferóis e carotenos também se
fazem presente. Cabe enfatizar que, tanto a variedade
como o clima de cultivo podem interferir no teor dos
nutrientes do fruto.
Dada a relevância do consumo de
abacate em dietas de determinados países, incluindo o
Brasil, estudos foram feitos, especialmente no México,
relatando o papel protetor que os componentes do abacate
possuem tanto na prevenção como no tratamento de
cardiopatias.
"Em
1992 foi publicada a primeira evidência
científica sobre a eficácia do abacate como
fonte de ácidos graxos monoinsaturados em
pessoas saudáveis, reduzindo o colesterol total,
o colesterol de baixa densidade (LDL) e os
triacilgliceróis (TAG)". "Posteriormente, em 1997, foi
constatado em pacientes com hipercolesterolemia
que, além do consumo do fruto induzir redução
nas taxas de colesterol total, LDL e TAG, ele
favorece o aumento desejável nos níveis do
colesterol de alta densidade (HDL)".
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Os resultados do
consumo de dietas compostas por abacate aparecem logo.
Após o período de uma semana já ocorre alterações
sensíveis nos indicadores lipídicos do sangue. Além
disso, já foi identificado que o consumo do abacate
influencia também na glicemia.
Após quatro
semanas consumindo dieta contendo abacate, mulheres
diabéticas insulino dependentes, compensadas e sem
complicações graves decorrentes da patologia, tiveram
redução tanto no colesterol sérico total como na
glicemia.
Dessa forma:
"O
consumo de abacate auxilia no tratamento de
doenças crônicas, especialmente nas
cardiopatias, diabetes e dislipidemias. Sua
composição é nutricionalmente interessante
dada as quantidades significativas de ácido
oleico, vitamina C, fibras, esteróis e mesmo
calorias. Estudos comprovando os benefícios do
consumo do fruto a longo prazo ainda são
requeridos no sentido de reforçar seu papel
terapêutico aqui descrito". |
Cabe, finalmente,
destacar que a introdução regular de abacate na
alimentação deve ser feita sob acompanhamento
nutricional, dada a elevada densidade calórica do fruto.
Caso contrário, indesejáveis quilos podem surgir e, de
certa forma dependendo do caso, comprometer a saúde.
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Késia
Diego Quintaes
Nutricionista
Docente
do Centro Universitário Adventista de São Paulo
Mestre
em Ciência da Nutrição
Doutoranda em Ciência da Nutrição pela FEA/UNICAMP
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